| POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS 
 
 NATHAN ZACH     Nathan  Zach ( hebraico : נתן זך) (nascido em 1930) é um poeta  israelense. Nascido  em Berlim, Zach imigrou para o que era então conhecido como Palestina em 1936 e  serviu nas IDF como funcionário da inteligência durante a guerra  árabe-israelense de 1948. Em  1955, ele publicou sua primeira coleção de poesia ( Shirim Rishonim , hebraico  : שירים ראשונים ), e também traduziu inúmeras peças  alemãs para a etapa hebraica. Zach  imigrou para Haifa como uma criança. À vanguarda de um grupo de poetas que  começaram a publicar após o estabelecimento de Israel, Zach teve uma grande  influência no desenvolvimento da poesia hebraica moderna como editor e crítico,  bem como tradutor e poeta. Distinguindo-o entre os poetas da geração dos anos  1950 e 1960 é o seu manifesto poético Zeman veRitmus etsel Bergson uvaShira  haMernernit [Tempo e Ritmo em Bergson e em Poesia Moderna (Hebraica)]. Zach foi  um dos inovadores mais importantes na poesia hebraica desde a década de 1950, e  ele é bem conhecido em Israel também por suas traduções da poesia de Else Lasker-Schüler  e Allen Ginsberg. O  ensaio de Zach, "Pensamentos sobre a Poesia de Alterman", publicado  na revista Achshav ( Now ) em 1959, foi um importante manifesto para a rebelião  do grupo Likrat ( contra ) contra o patético lírico dos poetas sionistas, pois  incluiu um invulgar ataque a Nathan Alterman , que foi um dos poetas mais importantes  e estimados do país. No ensaio, Zach decide sobre novas regras para a poesia.  As novas regras que Zach apresentou eram diferentes das regras de rima e metro  que eram costumeiras na poesia do país na época. De  1960 a 1967, Zach lecionou em vários institutos de ensino superior tanto em Tel  Aviv quanto em Haifa. De 1968 a 1979, ele morou na Inglaterra e completou seu  doutorado na Universidade de Essex . Depois de retornar a Israel, ele lecionou  na Universidade de Tel Aviv e foi professor nomeado na Universidade de Haifa .  Ele foi presidente do conselho de repertório dos teatros Ohel e Cameri. Mais  informação em: https://en.wikipedia.org/wiki/Nathan_Zach      Extraído de    POESIA  SEMPRE –  Ano 5 – Número 8 –  Junho 1997. Revista semestral de poesia.   Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura,  Departamento Nacional de Livro.  Editor  Geral: Antonio Carlos Secchin.  Ex. bibl.  Antonio Miranda.            Um momento                         Para Ássia           Um momento de silêncio, por favor.Quero  dizer algo. Ele se foi
 e  passou por mim. Podia ter tocado a barra
 do  seu manto. Não toquei. Quem poderia
 me  dizer o que eu não sabia.
          A  areia colada em suas roupas. Na sua barbaentranhavam-se  uns ramos. Parece que dormira
 a  noite passada na palha. Quem poderia
 saber  que mais uma noite ele estaria
 vazio como pássaro, pesado como  uma pedra.
          Não  podia saber. Eu nãoo  culpo. Às vezes eu o sinto erguer-se
 de  seu sono, tocado pela lua como o mar e, deslizante
 ao  meu lado, dizer:
 meu  filho.
 Meu  filho. Não sabia que estavas a tal ponto comigo.
                    Tradução de Moacir  Amâncio.            Os cabelos de Sansão         Os cabelos de Sansão nunca entendi:essa  grande força oculta neles, o voto de segredo,
 a  proibição constante de perder os cachos, a ameaça a todo instante
 de  que Dalila, delicadamente, os acariciasse.
          No  entanto, entendo bem os cabelos de Avshalom.Claro  que são belos, como sol em toda a luz do dia, como a lua da
 vingança vermelha.
 O  cheiro rescendente deles paira em sua doçura sobre a doçura dos
 perfumes  das mulheres.
 Ahifel,  o frio, o intrigante, esforça-se por desviar os olhos deles
          no  instante em que vê diante de si o motivo do amor de Davi.Eis  os cabelos mais maravilhosos de todo o reino, a justificativa clara
 de  toda revolta e, depois, o terebinto.
                    Tradução de Moacir  Amâncio.   Talita, kumi
          Talita kumi!,1 eu peço,és  alguém inteligente, ergue-te.
 Talvez  eu tenha errado, por certo eu, que não vi.
 Faz  muito tempo já. Ergue-te,
 não  era intenção, sim, talvez
 eu  o confesse, mas ergue-te,
 Talita kumi
 (menina,  ergue-te)
          Eli, lama shevaktani!,2 quer dizer,por  que me abandonaste, Deus meu, por que
 me  fizeste isso, quer dizer, qual o motivo.
 Por  que não impediste minha mão, quer dizer,
 água, quer dizer, vento.
          Minha  intenção era só o bem. Vi que ela sorria.Pensei  que mais amor não se somaria
 em  sua conta mais do que ela somava
 à  minha. Não sabia o quanto eu te sobrecarregava
 com  coisas vãs, meu Criador. Anula-me, Senhor. Não
 sabia  até que ponto tu me reduzias, meu Senhor,
 em  minha fome.  Talita, kumi.
                   Tradução de Moacir Amâncio.   
                    Talita kumi, título original, é  expressão aramaica usada por Jesus segundo o evangelho de São Mateus (5.41) que  significa: “Menina, ergue-te!. (N.T.)Eli,  lama shevaktani!, também é uma frase aramaica de Jesus, segundo o mesmo  evangalista (25.34) (N.T..)             Sua beleza não é conhecida         Sua beleza não é conhecida.O  vento não a revelou à árvore. A árvore
 não  a revelou à tábua na cerca.
 A  tábua na cerca sempre diz: sua beleza
 eu  digo, ninguém conhece. Assim diz:
 a  tábua feita de árvore para a cerca.
          Sua  beleza não é conhecida. Seus olhos não são como negra fonte e não
 como  canção que uma vez cantou no nome a brisa de outono
 que  disse, brisa de outono, sua beleza, disse
 não  é conhecida. Assim diz o outono que ouviu
 sussurrar-lhe  amor a lado da cerca feita da árvore
 que  disse à tábua feita da árvore para ser a cerca, eu digo:
          sua  beleza não é conhecida. E estou proibido de dizê-laaté  para mim. Tenho de me conter e passear
 ao anoitecer, quando sombra cai  sobre sombra,
 e  contentar-me com o silêncio e não gritar, ei, fazer disto lei:
 não  ficar perto da cerca,
 isso  para que não me perca.
 Fugir  da brisa de outono,
 quando  o amarelo é o dono.
 Não  ouvir jovens que falam
 dela  doçuras, não calam.
 Não  parar se alguém parar,
 não  ouvir se alguém cantar,
 não  dar ouvido a sussurro
 que  me sopra desse escuro:
 sua  beleza não é
 conhecida,  sei por fé,
 nessa coisa, nesse jogo:
 como  a marca do fogo.
                   Tradução de Moacir Amâncio.     Página  publicada em março de 2018   
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